sábado, 7 de julho de 2012



Confesso, nunca pensei que a saudade causasse tanta falta de ar. Uma falta de ar que faz parecer que meus olhos serão fechados e que adormecerei para sempre. Esta saudade é capaz de me proporcionar sonhar tanto no mundo dos sonhos quando no mundo real, de olhos abertos.
Não sei quantas vezes, nestes últimos tempos, repeti que deveria ter continuado de olhos fechados. Confesso também não saber se esta sensação que me sufoca fora causada exclusivamente por um rápido abrir de olhos, ou se estava  predestinada a ser vivida. Talvez estivesse predestinado, pois na vida a gente precisa aprender muitas coisas, e, neste momento, estou aprendendo algo novo. Uma sensação nova, na verdade.
Tudo o que é novo nos assusta, mas, não estou assustada, estou sufocada. Logicamente que por consequência, me pergunto quando uma brisa voltará a passar por mim. E, nos meus sonhos, sonho uma brisa perfumada de dama da noite, assim, docinha, daquelas que nos preenche a alma.
Não sei mais escrever, eu sei. Neste momento, a única esperança que tenho é a de desafogar minha alma. Logicamente que me permito um leve sorriso em meio a esta falta de ar, numa crença quase infantil de que uma brisa adocicada me alcançará...

terça-feira, 26 de junho de 2012

É, é verdade. Estou vivendo, simplesmente, o momento mais difícil da minha vida. E como todos aqueles que passam por momentos como este, tenha a impressão de que nunca vai melhorar. E olha que tento me concentrar no eu, na minha yoga, nas minhas músicas, no meu trabalho, nos meus estudos, mas não tenho como negar, etá difícil, viu... O dinheiro sumiu, minha paciência sumiu, e entre outras coisas, outras coisas aconteceram... Eu enxerguei, eu senti, eu quis... Pra ajudar, eu enxergo, eu sinto, eu quero...
Um turbilhão de pensamentos passa pela minha mente. Uma falta de ar toma de assalto meus pulmões. Lágrimas rolam de meus olhos sem piedade. Enquanto isso, eu espero. Percebo, porém, que preciso ir à luta, mas confesso que não se nem por onde começar. Eu quero, eu posso, eu sei. O que não sei é por onde começar. Não estou enxergando nem uma janelinha que me permita observar uma paisagem acolhedora... Não posso negar que estou assustada, nem que estou esperando enxergar uma luz no fim do túnel. Enquanto isso vou aprendendo a lidar com o sentimento nascido da órbita azul da cor do céu...

sexta-feira, 8 de junho de 2012


Na arte da descoberta, descobri que é possível não morrer de tanta falta de ar. Aquele completo céu refletido naquelas pequenas órbitas azuis espelharam o todo completo do universo. Meu ar foi retirado aos poucos, sem piedade, assim como se retira o ar em aparelhos de compressão. Enquanto fecho  meus olhos,  relembro aquele universo refletido, sentindo no peito um par de mãos a me sufocar. Sinceramente, não sei quando voltarei a respirar. Aliás, não sei como se pode sentir saudade de um reflexo (tão azul quanto o céu e o mar...). Aliás, não sabia que por saudade se suprimia o ar. 
Eu, nesta minha rudeza de ser, nem sei descrever com a poesia que se merece o causo* em questão. Como não bastam os olhos fechados que por teimosia viram, tenho em mim um coração endurecido que nem mesmo consegue descrever em palavras algo que de leve o tocou.. seria mesmo leve?, ou a teimosia persistente não permite que dê outro nome para ISSO além de falta de ar... ai, quanta rudeza... -e aqui em terceira pessoa digo: a única certeza que lhe ronda é que não sabe quando voltará a paz daqueles momentos de olhos fechados que se negam a ver o céu refletido em pequenas órbitas azuis...

terça-feira, 5 de junho de 2012



Um dia ela simplesmente olhou para o lado. Olhou e viu. Estava lá. O irônico é que já não acreditava mais que veria. Mas, a verdade é que quem tem olhos um dia enxerga, mesmo passando muito tempo se negando a olhar. Afinal, os olhos foram feitos para ver, ou não?!
O problema é que ela não estava preparada para ver. Aliás, passou tanto tempo de olhos fechados que esqueceu se há, ou não, meios de se preparar para ver. 
No exato momento de ver um calor invadiu sua alma e um sorriso brotou em seu rosto. Ela tinha esquecido como era este sentimento de mornidade ver. A paisagem era assim do tipo perfeitinha: um sol quentinho, um rio cristalino, arvores fornecendo sombras, gramas fofinhas para sentar e descansar. Tudo assim, gostosinho, cheio de melodias. Até borboletas sobrevoavam o local.
O sentimento de ver foi tão surpreendentemente bom que ela acreditou. Como ela se deixou deslizar assim é algo que se pergunta até agora. Mas acreditou e sorriu.
Porém, piscou e naquele segundo a visão sumiu, restando somente a lembrança da visão que permanecerá até se tornar um esquecimento... 


sábado, 28 de abril de 2012


Ultimamente, tenho me dedicado mais a observar do que a participar. Dizer que o silêncio tomou conta de mim, é exagerar, mas dizer que o meu observar, que sempre foi aguçado, está de antenas erguidas é ser, no mínimo, sincera.
Tenho percebido que as pessoas, de uma forma quase geral - vamos respeitar as diferenças  sempre existentes - têm muito mais a dizer - com um ar de quem tem razão, acima do bem e do mal - do que estão dispostas a ouvir. É, eu sei, não precisava estar com a antena do observar atenta para perceber isto. Não sei se sei explicar, sem parecer petulante, mas parece que cada um, dos que mais tem a dizer do que boa vontade para ouvir, jogam aos que ouvem suas verdades concretas e imutáveis. Julgamentos são feitos sem que se conheçam o que se passa com a pessoa que esta a ser julgada. Eu costumo achar isto intolerável. Mas olha quanta contradição... estou dizendo minha própria verdade... pois é, todos nós temos nossas próprias verdades a serem ditas, nossos próprios julgamentos a serem feitos. E quem está certo? Aquele que fala, aquele que está a ser julgado? Pois eu digo minha verdade: todos estão. Aquele que julga o faz a partir dos fatos que conhecem e, principalmente, em comparação com o que considera ser o ideal a ser vivido. E, por sua vez, aquele que está a ser julgado, certamente, tomou a atitude julgada baseada nos mesmos - mas diferentes - pilares: fatos conhecidos, o considerado ideal a ser vivido, e um algo a mais: a vivência da situação.
Na verdade, nem tenho muito a dizer sobre este assunto, pois, qualquer coisa que eu venha a falar, soará como um julgamento... e, certamente, será.
Eu costumo dizer que só consigo escrever -  e  aqui não falo em escrever bem ou mal - quando algo atropela minha alma. E, ultimamente, num tempo um pouco longo, tenho blindado a minha alma para qualquer sentimento, seja bom, seja, ruim, seja triste, seja alegre.. Ou seja, se estou aqui a escrever, algo sobre este assunto foi capaz de tocar um pouco a minha alma.
Porém, não nego que não vou conseguir adentar no assunto com pormenores. Acho que, se até lá este ainda for um assunto importante e pendente, terei que falar sobre isto. Seria necessário? Sinceramente, espero que não... Tenho tentado levar a minha vida sem fazer julgamentos, sem levantar falsos testemunhos sobre quem quer que seja, sem tentar apontar, nem mesmo me magoar. Todos nós, como venho dizendo, temos nossas próprias verdades, construídas a partir dos fatos ocorridos em nossas vidas. Sendo assim, certamente, cada um de nós está num grau de evolução diferente - juro que não sei e nem me preocupo em saber quem é ou está mais evoluído que o outro - portanto, como posso julgar? Como posso me envolver? Principalmente, como posso me ofender com o que alguém disse ou fez... 
Eu me propus um desafio: viver como se eu estivesse assistindo um filme. Quando assistimos a um filme, nos emocionamos, rimos ou choramos, até mesmo ficamos indiferentes, mas nunca, nunca nos envolvemos, julgamos artificialmente, e, dependendo da história, logo a esquecemos. Portanto, vou me esforçar para levar a minha vida assim, participar sem tentar me envolver demasiadamente, sem julgar, sem apontar, e, mais importante que tudo, sem esperar... já sabem o que...